Muitas empresas americanas estão perdendo o bonde da prosperidade da África porque seus executivos não sabem muito mais sobre o continente do que o que ouviam de suas mães: "Não desperdice comida, existem muitas crianças passando fome na África". No entanto, a África, tal como foi os Estados Unidos no início do século XX, "é a nova terra das oportunidades", diz o consultor Jonathan Berman, em um artigo para o blog da Escola de Negócios da Universidade de Harvard, uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo.
A África é um destino melhor para empresários e prestadores de serviços (como advogados) do que para turistas ávidos para ver de perto elefantes, rinocerontes, leões, tigres e hienas. Os animais africanos já renderam milhões à indústria do entretenimento. Mas hoje o continente é o lugar onde as firmas ávidas por crescimento sustentável querem estar, diz o consultor.
As imagens trágicas que a mídia traz sobre a África, como de crianças malnutridas, pobreza, guerras, ditaduras e doenças podem ser o foco favorito da imprensa. Mas não é o que interessa às organizações empresariais e profissionais no que se refere a seus planos de crescimento sustentável. Embora tudo o que a mídia mostra possa ser uma realidade na África e em outros lugares do mundo, o que interessa às organizações são os dados que mostram o desempenho da economia africana nos últimos tempos.
Por exemplo: na última década, a economia africana cresceu a 5,7% ao ano. A projeção mais recente do Fundo Monetário Internacional, o FMI, indica que a economia da África vai continuar a crescer, neste ano, a um índice de 5,4% - "significativamente maior do que o crescimento previsto para o Brasil, no mesmo período", diz Jonathan Berman, que é consultor de empresas listadas no Fortune 500 e de investidores que operam em mercados emergentes, além de escritor. Em 2013, ele vai publicar o livro "Sucesso na África".
Para aqueles que consideram essa margem de crescimento pequena, o consultor diz que devem levar em consideração o fato de a economia formal da África ser de US$ 1,9 trilhão – um pouco maior que o PIB da Índia e se aproximando do PIB da Rússia.
"A África é a história de recuperação do século e oferece oportunidades de negócios de proporções titânicas", diz o consultor. E afirma que não está sozinho nessa visão, porque grandes empresas de consultoria, como McKinsey, BCG, PWC e KPMG produziram relatórios que a documentam amplamente.
Grandes jornais, como o Financial Times, já escreveram sobre o assunto. E a The Economist, que em maio de 2000 escreveu um artigo com o título O continente sem esperança, se retratou posteriormente com diversas reportagens sobre o crescimento da África. O consultor recomenda a leitura dos blogsThe Africa Chronicles (Crônicas da África) e How We Made It in Africa (Como tivemos êxito na África).
Conta que já confirmou, ele mesmo, a falta de informação de empresários, investidores, profissionais e tomadores de decisão sobre a África, sobre as transformações em andamento e sobre as oportunidades de negócios no continente. Em entrevistas pessoais com 30 desses empreendedores, ele perguntou se podiam adivinhar, se não sabiam, quantas empresas africanas têm receitas anuais superiores a US$ 100 milhões por ano. As respostas variaram entre 40 a 50. A resposta correta, no entanto, era mais de 500. Delas, 150 têm receitas anuais superiores a US$ 1 bilhão, de acordo com oAfrica Report.
Berman também ouviu quem entende a África, como o empresário de Gana Sam Jonah. Quando era CEO da AngloGold Ashanti, Jonah conseguiu registrar a empresa na Bolsa de Valores de Nova York – a primeira empresa africana a dar esse passo. Jonah, que hoje é CEO da Jonah Capital, disse ao consultor qual é o melhor caminho para fazer sucesso na África: "Ser ousado". Para ele, as organizações devem "entrar para valer" na África, como fizeram as empresas internacionais na Europa, depois da Segunda Guerra Mundial, as empresas americanas e canadenses no México, depois do NAFTA, e como se vêm fazendo na China mais recentemente. "Em vez de colocar um pé aqui, para ver o que acontece, as empresas que se saem bem na África tomam ações ousadas e assertivas", declarou.
O encarregado dos negócios da Delta Airlines na Europa, Oriente Médio e África, Perry Cantarutti, disse que a entrada em países africanos pode, algumas vezes, tomar caminhos pouco usuais nos Estados Unidos e em muitos países. Por exemplo, a Delta entrou na Libéria depois de construir, em parceria com o governo, o aeroporto de Monróvia (a capital do país), bem como toda sua infraestrutura e sistemas. "De certa maneira, fizemos a mesma coisa que se fazia no início da aviação nos Estados Unidos", ele explica.
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