sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Desmantelada rede de com ramificações na Ásia e Europa

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preso 831Os efectivos do departamento de fiscalização dos Serviços de Emigração e Estrangeiros (SME) desmantelaram esta quarta-feira, 19, em Luanda, um grupo de falsificadores de documentos que operava em Angola com ramificações na Europa e na Ásia.
Entre os integrantes do grupo está o congolês Luemba Dodocha Augusto, de 42 anos, e um indivíduo identificado apenas por André.
Segundo informações obtidas pelo nosso jornal, os membros da rede contam com a colaboração de um indivíduo que se encontra em Hong Kong, China. Os oficiais do SME encontraram várias vinhetas que possibilitam a emissão de vistos de entrada para diversos países da União Europeia, entre os quais a Holanda e a Alemanha.
Os malfeitores recebiam a partir do seu comparsa em Hong Kong alguns dos materiais que usavam para a emissão de passaporte e bilhete de identidade angolanos, bem como os mais diferentes tidos de vistos. Para não haver qualquer suspeita por parte das autoridades migratórias, o cúmplice residente na China enviava os materiais dissimulados em catálogos de electrodomésticos e mobiliário, em forma de revistas, através da agência americana DHL.
O material vinha fixado numa folha de cartolina de cor amarela, colada entre as páginas dos catálogos.Na encomenda apreendida pelas autoridades, consta que os documentos foram enviados de Hong Kong no dia 15 de Novembro do ano passado para o cidadão Sérgio Manzongani, residente em Luanda, bairro GolF 2 ,casa número 13.
“Eles usavam um processo bastante engenhoso, tendo em conta que pudemos ver que numa das correspondências enviadas pela DHL estavam vinhetas autênticas para serem emitidas em passaportes angolanos cujos proprietários se preparavam para viajarem à Europa”, explicou o porta-voz do SME, Simão Milagre, que referiu que “perante tudo isso podemos afirmar que estamos diante de uma rede internacional de falsificação e contrafacção de documentos”.
No meio dos pertences que os supostos marginais usavam para fazerem as suas trapalhadas, foi possível encontrar vinhetas usadas para atribuir vistos para o nosso país, sejam consulares ou territorial, hologramas autênticos que certificam a autenticidade dos vistos.
Quanto ao facto de existir uma forte possibilidade de os falsificadores terem contado com o apoio de próprios funcionários do SME, que teriam fornecido as vinhetas especiais, Simão Milagre limitou-se a dizer que esta é uma informação que precisa de ser averiguada.
“Não podemos afirmar que haja alguma relação de cumplicidade entre eles, só me resta dizer que vamos continuar a investigar e qualquer indivíduo que se sinta estar por dentro, certamente será apanhado”.
Modus Operandi
Para efectuarem o pagamento aos fornecedores dos materiais (residentes no estrangeiro), os falsificadores recorriam a uma agência denominada Africana Express. Para além desta empresa, que será brevemente contactada pelas autoridades, existe uma outra cujo nome não foi revelado pelo porta-voz do SME por considerar que o mesmo está sob segredo de justiça.
“Os marginais criaram uma empresa fictícia que estabelecia periodicamente contacto com a Embaixada de Angola na China. Há vistos que foram postos nos passaportes angolanos, e encontramos também no local notas de remessas de valores para a China e outros países. Por esta razão, acho que a situação é bastante preocupante”, declarou.
Simão Milagre confessou que se um dos beneficiados aparecesse num posto fronteiriço, conseguiria passar pelos seus colegas caso estes não estivessem muito atentos. Mas garantiu que as zonas fronteiriças estão apetrechadas com todos os meios que lhes possibilitam detectar documentos falsos.
Segundo conta, o desmantelamento desta “gang” resulta de um vasto trabalho que tem sido desenvolvido com o objectivo de diminuir inicialmente este fenómeno e depois estancar as redes de falsificação.
“Por aquilo que nós vimos, podese afirmar que existem várias redes a funcionarem em Angola. A primeira que identificámos foi a do cidadão palestiniano que a qualquer altura poderá ser apresentado à imprensa”, garantiu.
Uma residência arrendada nas imediações da administração Os marginais tratavam os documentos em Luanda e depois estes eram enviados para os países onde se encontram os seus clientes. Com eles munidos, o passo seguinte era tentar entrar em Angola via Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro em Luanda ou qualquer outro posto fronteiriça, aparentando a mais completa normalidade migratória.
“O nosso apelo vai no sentido de dizer às pessoas que realizam estas falsificações para as abandonarem porque o SME está atento e temos os nossos oficiais no terreno, em toda parte”, concluiu o porta voz do SME.
O PAÍS

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