sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Gbagbo recusa mediador da UA e Presidente Angolano recebe o mesmo mediador

Notícias 
raila odingaGbagbo recusa mediação da UA, acusada Raila Odinga de parcialidade
O Governo designado por Laurent Gbagbo, que se autoproclamou presidente da Costa do Marfim após as eleições de novembro passado, recusou a mediação do enviado da União Africana (UA), o primeiro-ministro queniano Raila Odinga (na foto), ao qual acusa de parcialidade em favor de seu rival, Alassane Ouattara.
"Decidimos rejeitar a mediação porque ele não tem vontade de resolver o problema da Costa do Marfim", afirmou o ministro das Relações Exteriores nomeado por Gbagbo, Alcide Djédjé, em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira à noite em Abidjan.
Segundo Djédjé, Odinga apoiou Ouattara abertamente ao afirmar em comunicado divulgado à imprensa que o bloqueio feito pelos apoiadores de Gbagbo sobre o Hotel Golf, sede provisória do Governo reconhecido pela comunidade internacional, é um obstáculo ao êxito das conversas entre ambos os presidentes.
Nesta quarta-feira, antes de deixar Abidjan, Odinga não ocultou sua decepção pela atitude de Gbagbo e lamentou não ter cumprido a promessa feita há duas semanas de pôr um fim ao bloqueio ao hotel para possibilitar o diálogo.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores nomeado por Ouattara, Jean-Marie Kacou Gervais, afirmou que o fracasso da mediação de Odinga evidencia mais uma vez que Gbagbo não cumpre seus compromissos.
A maioria dos analistas dos meios de comunicação marfinenses afirma nesta quinta-feira que, após o fracasso da mediação da UA, deve haver uma intervenção militar da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), organização que reconhece Ouattara como presidente legítimo da Costa do Marfim.
"A operação militar se concretiza: grande número de soldados e armas desembarca em Bouaké", afirma o jornal local L'Inter, enquanto "Le Patriote" relata que o aeroporto da mesma cidade foi adaptado "para acolher tropas".
Em Luanda presidente Angolano recebe mediador da UA para crise na Côte d'Ivoire
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, recebeu hoje, quinta-feira, garantias do mediador da União Africana para a crise na Côte d’Ivoire, Raila Ondinga, de que a União Africana defende uma solução pacífica e negociada para a crise pós-eleitoral naquele país.
“Defendemos uma solução negociada que satisfaça os anseios do povo da Côte d’Ivoire. Acreditamos que há possibilidades para o diálogo e busca de uma solução pacifica”, disse Raila Ondinga, à imprensa, após a audiência que lhe foi concedida pelo Chefe de Estado angolano.
Raila Ondinga confirmou que a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) apoiam os esforços tendentes a uma solução pacífica para o problema naquele país africano, mas admitiu o recurso à força legítima como último recurso.
O também primeiro-ministro do Quénia concorda com a posição defendida por Angola no sentido de encorajar e apoiar o diálogo e a negociação, na medida em que uma intervenção militar teria um efeito perverso.
De acordo com Raila Ondinga, durante o encontro com José Eduardo dos Santos foram apontadas diferentes hipóteses para o problema, com excepção da repetição da segunda volta das eleições presidenciais.
“A solução encontrada para as crises verificadas no Zimbabwe e no Quénia não se enquadram no caso da Côte d’ Ivoire”, declarou, referindo-se à partilha de poder adoptada nos dois países.
Defende o início imediato das negociações entre as duas partes, visando a resolução da crise por meio de intervenientes africanos e sem interferência externa.
À semelhança de Angola, Raila Ondinga considera que os problemas da Côte d’ Ivoire devem ser resolvidos pelos ivorienses e pela União Africana. “Os seus problemas são africanos e devem ser resolvidos por africanos”.
No seu entender, a crise criada é um desafio para o processo de democratização de África, porque no próximo ano 17 países vão realizar eleições, por isso a sua resolução poderá servir de exemplo positivo.
BBC/ANGOP

Nenhum comentário: