sexta-feira, 21 de maio de 2010

Os novos imigrantes


EMÍLIO ODEBRECHT

Nas classificações internacionais dos países pelos seus indicadores econômicos, somos hoje, de acordo com dados da ONU, a segunda maior economia das Américas - atrás dos EUA e à frente do Canadá e do México - e donos do décimo maior parque industrial do planeta. Tais condições colocam sobre a mesa desafios que teremos de dar conta.

Desejo, hoje, deter-me sobre um deles em especial: a inevitável atração que isso pode exercer sobre as populações de outras nações do continente.
Movimentos migratórios rumo ao Brasil não são uma novidade. Entre fins do século 19 e início do século 20, nosso país acolheu muita gente vinda da Europa, do Oriente Médio e da Ásia. Eu próprio sou descendente de uma família de alemães que aqui chegou em 1856.

Muitos prosperaram, e todos deram a sua contribuição para o progresso brasileiro. Mas eram outros tempos. Tínhamos então um país agrícola, de industrialização incipiente, relativamente pouco habitado e havia estímulo governamental para que estrangeiros para cá viessem.

Agora, o Brasil ostenta uma economia pujante e diversificada e pode transformar-se na possibilidade mais concreta de melhoria de condições de vida para muitos latino-americanos. Embora timidamente, isso já vem ocorrendo. E, para ficarmos em apenas um exemplo, sabe-se que a cidade de São Paulo abriga milhares de bolivianos que trabalham na indústria têxtil.
Muitos vieram sozinhos e depois foram buscar as famílias, numa demonstração de que aqui conseguiram melhores condições de vida se comparadas às que tinham em seu país.

Ocorre que receber imigrantes de países vizinhos não será problema, desde que saibamos integrar tais pessoas, de forma estruturada e responsável, à nossa sociedade.

Entendo que devemos enxergar essa tendência de forma positiva. A integração latino-americana é benéfica a todos, e cabe ao Brasil liderá-la.

Acolher trabalhadores da região é um dos pressupostos dessa liderança. Atrair imigrantes é característica de nações ricas, ou em vias de enriquecer, como é o nosso caso.

O que não pode acontecer, por imprevidência nossa, é a transformação de um fenômeno dessa natureza -que me parece inexorável- em um drama social como o vivido hoje pelos países europeus.

A permanência ilegal no país, que exclui e marginaliza, poderá ser evitada se desde já nos prepararmos, mediante políticas e legislação adequadas, para tratar o imigrante com respeito e justiça, de modo que se sinta aqui não um pária, mas um cidadão consciente de que tem direitos e deveres como cada um dos brasileiros.

Enviado por Regina Petrus - NIEM-RJ

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