Divido o tempo entre as minhas pesquisas em Psicologia, área da Geronto-psicologia, o curso de Inglês e a preparação do Mestrado. Porém, considero-me uma rapariga normal como as outras; e ainda bem que é assim. Depois de ler o romance do escritor angolano, Cikakata, intitulado “O Feitiço da Rama de Abóbora” resolvi ir assistir a DSTv, uma vez que as notícias da nossa televisão (TPA) são, para mim, muito previsíveis. Foi quando a minha mãe me incumbiu de ir a casa da vizinha para levar uma metade do bolo de aniversário da minha irmã, como rezam os nossos bons costumes africanos (bantus). Pelo caminho, passei por uma dessas cantinas dos Senegalenses, a fim de comprar água mineral, pois estava com muita sede. Ao entrar, vi, à esquerda, três senhoras sentadas numa mesinha. Eram bonitas e estavam muito bem vestidas. Tinham um ar de responsáveis e de quem a vida ia de vento em popa. Aparentavam estar na casa dos 45 ou 49 anos e bebiam umas Coca-Cola. Falavam bem alto e qualquer pessoa que entrasse, querendo ou não, acabava por as ouvir: “O meu marido vai viajar – disse uma delas - mas desconfio que não irá sozinho; provavelmente, viajará com uma das suas amantes enquanto eu fico aqui a ver navios. Mas parece que não sou a única, em Luanda, a viver o mesmo problema, porque descobri que outras vivem na mesma situação.” O que podemos fazer então? Perguntou a outra. “ Epá – disse a terceira - já que a nossa situação financeira não está assim tão mal, e estamos numa idade em que mais precisamos da atenção do maridos, e se eles não dão e, ainda por cima, arranjam mulheres mais novas que nós, o que temos a fazer é dar volta à situação. “Dar volta à situação”? perguntou a segunda. “Sim”, respondeu a que estava a falar. “Para começar, não nos vamos separar dos maridos, até porque já temos filhos crescidos e daqui a poucos teremos netos. Vamos aguentar a situação, arranjando jovens com idades compreendidas entre os 25 e 30 anos, para nos fazerem companhia. Assim, enquanto os nossos maridos viajarem com as suas amantes, esses jovens cobrirão as nossas necessidades emocionais (e não só). Basta, para isso, ajudarmos esses jovens a satisfazerem as suas necessidades materiais. Até tenho uma amiga que nos pode arranjar bons jovens, carne fresca, porque ela tem saído com muitos deles”. Depois de atendida, voltei para a casa, mas não levei muito a peito aquela conversa. Fui directo ao meu quarto e resolvi trabalhar um pouco na minha pesquisa sobre os idosos. Qual o meu espanto quando me deparo, num portal, com uma entrevista de Amélia Aguiar, que afirma existir prostituição masculina em Angola! Numa das suas passagens ela diz: “A prostituição masculina também existe. Alguns homens só se relacionam com as mulheres na mira de uma compensação material. Todo mundo sabe disso que as coisas hoje em dia passam assim. Há mulheres que também têm já bastante dinheiro, capazes de manter o seu Pacheco e a prostituição reparte-se nos dois géneros. “ Realmente, ela não deixa de ter razão, porque a prostituição – dizem os entendidos – não passa de uma troca consciente de favores sexuais por interesses não afectivos, ou seja, sentimentais, por prazer ou por factores económicos. Portanto, ela consiste numa troca de favores entre o sexo e bens materiais (dinheiro, ou outros objectos de valores), ou então por favorecimentos profissionais, que pode ser de ambos os géneros. Torna-se, assim, necessário enxergarmos a realidade, porque, muitas vezes, por arrogância ou por ignorância da nossa parte, somos incapazes de ver o óbvio. Pior ainda numa sociedade machista como a nossa, onde grande parte dos homens, salvo raras excepções, considera as mulheres como objectos e máquinas reprodutoras. Felizmente, a globalização trouxe também coisas positivas, promovendo o espaço da mulher na sociedade e a igualdade entre os géneros. Um grande psicólogo português, de nome Nogueras Dias, afirma que a família, para além de ser vista como um todo com características próprias que o distinguem dos outros sistemas, é considerada como um sistema de interacções, onde os seus elementos interactuam e influenciam-se uns aos outros. Assim, no dia em que os homens começaram a ficar mais quietos, menos mentirosos, promíscuos e infiéis, reduzir-se-á a prostituição masculina, porque nós, as mulheres, mais que o sexo, precisamos de atenção, carinho. Numa palavra; precisamos de muitos mimos e, na maior parte dos casos, nem isso grande parte dos maridos mwangolé dá. Por : Katya Samuel katyasamuel.blogspot.com |
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sábado, 26 de março de 2011
Pelos Meandros da Prostituição Masculina, em Angola
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