sábado, 16 de abril de 2011

Detenção de Gbagbo agrava tensão entre ONU e União Africana

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laurent_gbagbo_48587A prisão de Laurent Gbagbo ampliou a tensão entre a União Africana (UA) e a ONU. O bloco regional reconheceu a vitória de Alassane Ouattara nas eleições de novembro na Costa do Marfim, mas criticou duramente o comportamento da ONU no apoio dado para remover Gbagbo do poder. Agora, a União Africana ameaça abandonar o Tribunal Penal Internacional (TPI), sob a alegação de que as Nações Unidas estariam adotando uma posição de ingerência nos assuntos do continente.
No TPI, o procurador Luis Moreno Ocampo deu início, apenas neste ano, a investigações sobre Líbia, Costa do Marfim e Quênia. Desde sua criação até hoje, o tribunal só julgou casos contra líderes africanos - indiciando o presidente do Sudão, Omar Bashir, por crimes de guerra, e líderes da República Centro-Africana e da República Democrática do Congo (RDC, ex-Zaire).
Para o bloco regional, há uma tendência "perigosa" de usar o tribunal apenas contra os países do continente. Segundo Jean Ping, presidente da Comissão da União Africana, a corte tem usado um padrão de dois pesos e duas medidas para julgar esses países. "Nós, africanos, não somos contra o TPI. Mas somos contra Moreno Ocampo, que está aplicando a Justiça com medidas diferentes", acusou. "Se isso continuar, não teremos outra opção a não ser declarar que não nos manteremos no tribunal."
Ontem, vários países africanos demonstraram irritação com a ingerência da ONU. Para o governo de Gana, a entidade deveria ter atuado na desmobilização das milícias marfinenses antes das eleições, e não depois.
China e Rússia também mostraram sua irritação diante do uso das tropas de paz da ONU para ajudar na queda de um regime, ainda que toda a comunidade internacional tenha reconhecido que Gbagbo não venceu a eleição de novembro. Esses países temem que a neutralidade das forças de paz seja questionada.
Antigo chefe de Estado maior do governo de Gbagbo, o general Mangou se alio ao presidente Alassane Ouattara e prometeu lealdade.
AFP

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