![]() As cerca de duas mil famílias que residiam em situação de risco na Favela da Praia do Bispo, na capital do país foram «ensardinhados» nos bairros Panguila e Zango, numa clara animalização daqueles que pedem uma certa dignidade. A acção de desalojamento iniciada na noite da quinta-feira, 18, tendo, o «camartelo» do Governo Provincial de Luanda, sido protegido por um forte cordão de segurança composto pela Polícia anti terror e brigada canina, tomou de «assalto» a favela naquela noite. Os que estavam em suas casas podiam sair para o Zango ou Panguila e os que encontravam-se fora já não podiam entrar. Acto contínuo, começou então a fase dos registos das famílias residentes que depois do registo colo-cavam os seus haveres no camião e subiam nos autocarros em direcção ao Panguila. O processo continuou até as treze horas de sexta-feira. Nesse horário, a equipa que trabalhou parte da noite e metade do dia foi substituída por uma outra chefiada pela Administradora Municipal da Ingombota, Suzana de Melo. Foi ali em que o caldo entornou e nunca mais a fómula perdida foi achada. Suzana de Melo não seguiu o modelo de trabalho que encontrou passando a decidir a com o seu indicador direito quem podia ou não ser registado. Entretanto, essa sua medida criou um grande alvoroço e revolta no seio dos populares, tendo forçado a interrupção do registo dando origem a demolição das casas sem o competente registo, situação embaraçou o processo com a abertura para a entrada de muitos moradores fantasmas. A situação foi criada pela Administradora Municipal, que em recurso ao seus métodos retrógrados de gestão permitiu que os moradores não registados fossem para o Panguila e os registados acaba-ram por ficar na berma da estrada à Praia do Bispo. Segundo ao que o Semanário Angolense conseguiu apurar no local, estas famílias residem no local há mais de uma década, que devido a situação político-militar que assolou o país forçou a vinda de muitos do interior para o litoral. Na sua maioria, os populares são provenientes da província do Huambo, Bié, Uige, Malange e alguns de Benguela. Em Luanda, em busca de segurança e também melhorias de vida, os deslocados foram-se instalando naquela circunscrição que ficou mais tarde conhecida por «Favela» no distrito da Praia do Bispo. Com a aprovação do projecto da nova marginal de Luanda, e em função da localização geográfica da «Favela», aliada a situação de risco a que estavam exposto, o Governo Provincial de Luanda, achou por bem retira-los do local não só para permitir a execução do projecto baia de Luanda como também afastá-los da situação de risco em que viviam. Segundo alguns dos sinistrados, em conversa com o Semanário Angolense, nunca se levantou a possibilidade de um realojamento nas condições em que os antigos moradores da «Favela» estão a ser expostos. No Panguila, os ex-favelistas estão a ser realojados em dois tipos de moradias. Uma delas está construída sobre uma base de chão bruto, preparado com areia e cimento, em estruturas de pré-fabricados com três quartos, uma sala, quarto de banho, cozinha e dispensa. Nestas moradias, quando chove fica inundada, foram realojadas três famílias. As outras, são casas geminadas com dois quartos cada, construídas a base de blocos de cimento sobre uma base de cerca de 10 centímetros de profundidade. Nestas foram realojadas quatro famílias. Este método de realojamento está a causar muito desconforto aos antigos moradores da «Favela», onde existem muitas incompatibilidades em termos de hábitos e costumes de cada família. Estas incompatibilidades já deram origem a várias rixas que precisaram da intervenção policial que, do ponto de vista da sua actuação tem pouco ou nada a fazer. Com as torneiras empoeiradas e o sistema de abastecimento de energia eléctrica de farias, a população está exposta a várias adversidades, o que poderá dar origem ao surgimento de várias doenças, como diarreias, paludismo e doenças respiratórias, devido a imensa poeira que predomina o local, para além das casas que não possuem portas, janelas e nem sanitas. É um martírio. Rui Albino Semanário Angolense |
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terça-feira, 7 de dezembro de 2010
No Panguila e no Zango:Desalojados da «Favela» ensardinhados
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