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A previsibilidade com que o Estado angolano e suas instituições manipulam a mentalidade do cidadão terminam sempre em “acontecimentos ou resultados totalmente diferentes do que eram as expectativas”. Isto, com todas as letras – e se quiserem, também, com todas as palavras-, chama-se ironia! Eu sou um “maluco” porque aprendi em toda a minha vida a não aceitar mentiras criadas com fatos e argumentos óbvios, ou até àquelas mentiras que não levassem o ser humano a pensar e a questionar nada. Mentiras que provocam um anteparo em nossas mentalidades caem como castelos de areias construídas à beira de uma praia, vítimas da própria maré. Uma mentira bem elaborada e se for perfeita, mesmo sendo mentira, não contraria os fatos e pode convencer o maior dos gênios. Mas para que ela chegue a ser elaborada com a perfeição desejada e ideal tem que existir uma perfeita coincidência entre os fatos reais –os corridos- e aquilo que se quer criar como mentira. Mentiras autênticas não marginalizam a inteligência do observador; ou melhor, de suas vítimas. O poder político em Angola é ingênuo, estúpido e cínico, porque quando mente marginaliza o bom senso e a inteligência nacional ( aqui está incluído não só o simples cidadão de capacidade intelectual media, mas toda massa intelectual do país). A prática de se mentir consiste num esforço de se gerar confusão. E ao contrário do que se pensa, a confusão perfeita é indetectável, imperceptível. É a essência do engano e da própria mentira, já que fatos reais coincidem com a teoria criada – e vice-versa. Podemos chamar essa coincidência de confusão: Confusão é a mistura de dois entes, coisas, substâncias, de preferência dois ou mais líquidos, no mesmo espaço e tempo, tornando-se inseparáveis –naquele “ponto(s) do espaço-tempo”. A mentira indetectável é aquela que por analogia pode assim ser criada, seguindo-se estes requisitos. A narração do mentiroso – a mentira em si- deve ir de encontro aos fatos, à realidade. A ironia – ao menos no caso do BNA-, para mim, além daquilo que trazem os grandes dicionários da língua portuguesa, é o resultado da decomposição e/ou putrefação de um cadáver ocultado quando se quer que aquele crime, que transformou o sujeito em mero corpo, não se deseja que o mesmo seja revelado e decifrado. Os 300 milhões de euros são a emersão obvia de um cadáver que tanto se ocultou. Além de uma revelação clara e contundente, de que existem vários casos ou Crimes do BNA e não só um crime (“O Crime do BNA ou Os Crimes?!”). Longe de ser uma descoberta de patrimônio individual, de um Sherlock Holmes, é a conclusão mais obvia de que naquele banco, naquela instituição tudo se faz , mas nada se investiga. Com certeza o desfalque dos 300 milhões e outros, que talvez a história desse país com o MPLA no poder jamais revelará, foi criado por uma rede nacional com tentáculos no exterior, onde Portugal é uma das descobertas, claras e obvias. Porque se Angola é a fonte de corrupção e até dos recursos, Portugal é uma das fozes. E nisso existe algo interessante, que diferencia aquele país ibérico e o país do sudoeste africano. Enquanto lá os corruptos são investigados e perseguidos, aqui, em Angola, literalmente, e de maneira descarada, sem constrangimento, ninguém está sendo investigado. O caso dos 300 milhões envolve uma rede nacional de gente corrupta que tem poder e influência, de gente que tudo pode, mandam e sabem o que fazer. Ou melhor, como e o que roubar. Exemplo, quem deu a ordem em Angola para que a Agência do Banco Espírito Santos em Londres liberasse as diferentes quantias? Quem checou a documentação, fictícia – ainda em Angola-, dos carros de limpa-neves; a que projetos estão, estavam ou estarão vinculados as diferentes autorizações e saques para e naquele banco, respectivamente?! Sei que todas as perguntas aqui são perguntas “obvias”, que não precisam ser feitas pelos melhores investigadores, promotores, juízes e policiais, e até pelo Presidente da República, seus ministros, assessores, secretários e adjuntos. Mas são perguntas que merecem ser respondidas por todos eles, anunciadas por todos os canais de comunicação. Porque é neste tipo de respostas e procedimentos que começam as mais simples prestações de contas para com toda a sociedade de aqueles que têm a responsabilidade de cuidar e manipular a coisa pública ( o patrimônio de todos os angolanos). Pessoas simples, sem poderes e sem influências não têm estruturas para desviarem cifras de milhões de um Banco Central ou qualquer Banco que seja. Nós os angolanos –todos sem exceção- por respeitos as instituições e aos nossos sonhos de construirmos um pais mais justo e democrático; por consideração as promessas que nos têm feito, em respeito ao próprio MPLA e pela admiração que temos pelas gerações passadas, que tanto fizeram e lutaram para que esse país se torna-se livre e independente, merecemos as mais mínimas explicações. E quando estas explicações tiverem formatos de mentiras que elas no mínimo respeitem a Inteligência do Cidadão, o que ainda assim não deixa de ser crime. Para dar esclarecimento sobre as minhas divagações filosóficas –com relação ao termo Confusão. Mentir é a arte de quem gosta produzir confusões. As manipulações de que nós os cidadãos somos vítimas não chegam a produzir uma confusão entre o que realmente tem acontecido e o que tentam nos fazer entender, o suficiente para que todos nós sejamos driblados. Será que tem alguém mais inteligente, por aí, no funcionalismo público angolano – lá em cima no poder?! Nelo de Carvalho www.blogdonelodecarvalho.blogspot.com |
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domingo, 12 de junho de 2011
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