quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Assim se Colonizou a África Negra.

No século 16,as invasões portuguêsa e marroquina iniciaram a desestruturação dos Reinos e Impérios ao sul do Sahara-onde havia cidades de mais de 100 mil habitantes.Após três séculos de guerras,e escravidão ocidental e Árabe,a população estaria reduzida a um quarto da original e as sociedades,arrasadas. No século 16,na maior parte das regiões da África subsahariana,existiam cidades de tamanho considerável para a época (de 60 mil a 140 mil habitantes ou mais),parte de Reinos e Impérios notavelmente organizados,territórios de habitar disperso denso.É isso que revelam os vestígios e escravações arqueológicas,bem com as fontes escritas,tanto externas (Árabes e Europeias, anteriores a meados do século 17)como internas (Autoctones,escritas em Árabe,língua da religião,ou no latim da Europa).A agricultura,criação de animais,caça,pesca,artesanato muito diversificado (tecidos,metais,cerâmica etc),navegação fluvial e lacustre, comércio local e distante,com moedas específicas,eram bem desnvolvidos e ativos.O nível intelectual e espiritual era análogo ao do norte da África na mesma época.O grande viajante Árabe do século 14 Ibn Battuta,louva a segurança e a justiça encontrada no Império do Mali.Antes da utilização de armas de fogo,o comércio Árabe permanecia secundário em relação a atividade económicas e ao volume da população.Leão,o Africano (início do século 16),menciona que o Rei de Bornu (Região Tchadiana) organizava apenas uma expedição por ano para capturar escravos(1).Apartir do século 16,a situação modifica-se radicalmente.Os portugueses penetram ao sul da foz do Rio Congo ex-Zaïre,conquistam Angola,destróem os principais portos da costa oriental e alcançam o atual território de Moçambique.Os Marroquinos atacam o Império Songai,que resiste durant nove anos.Os agressores dispõem de armas de fogo;Os Subsaharianos,não.Milhares de habitantes são mortos ou capturados e condenados à escravidão.Os vencedores se a possam de tudo:homens,animais,provisões,objetos preciosos e o que mais possam pegar.Reinos e Impérios são pulverizados em principados-levados a guerrear com frequência cada vez maior,a fim de ter prisioneiros que possamser trocados,principalmente por fuzis,indispensáveis na defesa e no ataque.Populações são deslocadas-provocando novos choques, campos de refugiados,a propagação de um estado de guerra la tente até o coração do continente.As investidas militares multiplicam-se,ao ponto de atingir,no nordeste da África central do início do século 19,o número de 80 por ano,segunddo o Erudito Tunisiano Mohamed El Tounsy,que viajou por Darfur e Ouaddaï (Atual Tchade) nessa época (2).A percentagem de cativos em relação ao conjunto da população aumenta continuamente,entre o século 17 e o fim do 19."Distritos outrora densamente povoados foram reconquistados pelo mato"ou pela floresta(3).O tecido sócio-económico e político-administrativo,que fora constituído aos poucos,se corrompe e arruína inteiramente.Nos locais onde o cultivo de alimentos e a obtenção de água são dificeis,as pessoas vê em se,com frequência,reduzidas à auto-subsistência. uma regres são enorme o correem todos os domínios.O destino dos cativos se agrava.Uma nova categoria no civa emerge:A dos agentes comerciais,dos encarregados de caravanas,dos intérpretes,dos intermediario,dos abastecedores-os"colaboracionistas"da época,enfim.Alguns príncipes tentam, em vão,se opor a esse comércio cada vez maior de seres humanos.Mas o Rei de portugal,responde negativamente às cartas de protesto de Alfonso,o Rei do Congo-convertido ao cristianismo.Um dos seus sucessores é reduzido ao silêncio pelas armas.O mesmo em Angola.O posto de comércio francês no Senegal fornece armas aos Mouros para que ataquem o Damel(4),que não autoriza a passagem das caravanas de escravos.É,portanto,a demanda externa que provoca uma enorme disseminação e proliferação da escravidão na África Negra.No começo,os Reis entregavam apenas os condenados à morte.Mas os portugueses desejam  efetivos mais volumosos,que eles próprios se encarregam de capturar,atacando sem qualquer outro pretexto. de 1575 a 1580,dias novais,primeiro governador de Angola,expedia cativos a um ritmo de 12 mil por ano em média(5).É duas vezes mais,só partindo de Angola,que todo o tráfico transahariano na mesma época,se tomarmos como referência,por exemplo,os números colhidos pelo historiador Norte-Americano Ralph Austen.No século 17 e,principalmente,no 18,a maior parte dos armadores Europeus-sobretudo os Holandeses,Ingleses e Franceses-  dedica-se a tal tráfico marítimo ultra-lucrativo.Na segunda metade do século 18,atingem-se números extraordinários:excepto nos anos de guerra entre franceses e ingleses,centenas de navios embarcam de 150 mil a 190 mil cativos por ano(6).A insegurança generalizada e crescente multiplica a penúria,fome,doenças locais e pior de tudo,doenças trazidas de fora particula rmente,a varíola.As endemias se instalam e as epidemias se alastram.surge um enorme déficit demográfico.Ele é devido,em primeiro lugar,a todos os que morreram por causa dos ataques e durante as transferências do interior para os pontos de partida e os entre postos;Aos que se suicidaram e aos revoltosos executados no momento do embarque;Aos óbitos resultantes da multiplicação das investidas e das guerra interna provocadas pela desarticulação de entidades política,pela fuga das populações,pela vontade cada vez maior de fazer prisioneiros;aos mortos pela fome (Após pilhagem de colheitas e stoques)e por doenças de todo tipo;Aos que parecem devido à introdução de armas de fogo e álcool adulterado,ao retrocesso da higiene e dos conhecimento adquiridos.A todos esses mortos somam-se os cativos e cativas arrancados do Subcontinente.O próprio número de nascimentos entra em queda,devido à desarticulação da sociedade.Como durante de sua população,o de créscimo se fez de maneira irregular,variando conforme a região.A centua-se fortemente a partir do fim do século 17.De meados do século 18 em diantes,o decrescimento global é maciço e rápido.É possível avaliar esse decrescimento?para medir os efeitos demográficos da guerra dos cem anos na França,comparamos o número de residências existente antes da guerra com o número contabilizado depois.Na Áfrics,tanto quanto na Índia, não dispomos.De registos de baptismos e outros, mas sabemos,apartir dos viajantes e exploradores do século 19,que,na parte ocidental,as maiores aglomerações não contavam com mais 30 mil a 40 mil habitantes.Eram, portanto,cerca de quatro vezes menores do que as maiores cidades do século 16.Segundo os mesmo testemunhos,pode-se observar que a diferença era ainda maior entre a população rural ou entre o número de combatentes que um príncipe ou um lider guerreiro podia arrigementar.Será a relação aproximada de 4 para 1,observada na África-Ocidental,representativa da diminuição do conjunto da população Africana Negra entre os século 16 e 19?do cabo das palmas(7).Ao sul de Angola,as perdas foram ainda mais elvadas.Gwato (Ughoton),o porto de Benin,contava 2mil residências quando os portugueses lá chegaram e não mais que 20 ou 30 quando os exploradores do século 19 apareceram (8).O historiador Norte-Amercano William G. Randles mostra que a população de angola havia igualmente se reduzido em proporções imensas(9).Por outro lado,as regiões do Tchade,no interior,permaneceram bastante povoadas até cerca de 1890-com cidades de 3 mil habitantes em 1878.No atual Sudão,o despovoamento começa com a dominação escravista do Paxá Egipcio Mohammed Ali,em 1820.Na África Oriental,os planaltos elevados,como Ruanda e Burundi,permanecem densamente povoados,em torno de 100 habitantes por quilómetro quadrado, contrariamente ao que se deu na região do lago Niassa.Na África do sul,a partir da primeira metade do século 19,a ação dos Ingleses soma-se à dos Bôeres(10).Para dizimar as populações autótones.No conjunto, parece razoável considerar que a população da África Negra era,no século 19,três a quatro vezes menor do que no século 16.Mas será possível saber o tamanho da população da África Negra perto de meados do século 19?a conquista colonial (Artilharia contra fuzis de Tráfico),o trabalho forçado multiforme e generalizado,arepressão das numerosas revoltas por meio do ferro e do fogo, a subalimentação,as diversas doença locais ede novo as doenças importadas e a continuação do tráfico oriental reduziram ainda mais a população que baixara para quase um terço,já em 1930.Nessa época,medidas administrativas e sanitárias propiciaram a retomada do crescimento demográfico,que foi cada vez maior.Essa avaliação foi possível porque,com a presença Europeia no interior dos territórios,certos dados estatíticos foram acrescentados às fontes narrativas(11).Em 1948 e 1949,um recenseamento geral e coordenado foi efetuado em toda a África Subsahariana.Após a correção por falta de declaração,a população foi estimada em,aproximadamente,140 a 145 milhões de pessoas.Pode-se supor que,em 1930,a população somava de 130 a 135 milhões de individuos.Esses representavam,então,dois terçõs da população aproximada das décadas de 1870 a 1890-cerca de 200 milhões.Segundo o resultado de minhas pesquisas a população era da ordem de pelo menos 600 milhões (Uma média de 30 habitantes  por km) no século 16.Os números antigos de 30 a 100 milhões são totalmente imaginários,como bem o mostrou Daniel Noin,ex-presidente da comissão de população sa União Geográfica internacional (IGU,segundo as iniciais em inglês)(12).Entre meados do século 16 e 19,a população Subsahariana de caiu em cerca de 400 milhões.Desse total,a percentagem dos que foram deportados do litoral e do sahel é impossível de precisar,em função do volume do contrabando e do número muito elevado de clandestinos,antes e depois da proibição do tráfico.Segundo diversas fontes e pesquisas,os números oficiais para o tráfico Europeu são,na realidade,o dobro(13).As estimativas do tráfico Árabe são também aleatórias. Para fornecer uma ordem de grandeza,digamos que o número,para os dois tráficos somados,deva se situar entre 25 e 40 milhões.Continua ainda um tanto discutível,mas não resta dúvida que as estimativas frágeis não dão conta da enormidade das dissimulações.Cerca de 90%da perda de população deveram-se a mortes ocorridas na própria África.Isso explica-se pela situação de grave insegurança no conjunto do território,que persistiu por quatro séculos,resultando dos efeitos destrutivos,direitos e indireitos,de dois tráficos simultâneos,cada vez mais intensos.Uma guerra dos cem anos que durou três século,com as armas da guerra dos trinta anos,e depois as dos séculos seguintes.A conquista e a ocupação Colonial determinaram,de forma permanente,a dependência do exterior,tanto cultural como económica,e tornaram,problemática,a restruturação do conjunto Subsahariano é de cada uma de suas regiões.Não faz nem dez anos que a África Negra recuperou o nível populacional que detinha no século 16.E o fez de forma muito desequilibrada,devido à congestão das capitais.

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