terça-feira, 17 de agosto de 2010

famílias de refugiados congoleses democráticos, mauritanos e zambianos recebem apoio em Angola



Actividade agrícola no Kwanza-Norte vai contar com a participação de refugiados congoleses e zambianos (Foto: Jornal de Angola)

A direção provincial do Kwanza-Norte da Reinserção Social vai, nos próximos dias, apoiar, com sementes diversas, 25 famílias de refugiados congoleses democráticos, mauritanos e zambianos, que vão desenvolver agricultura num campo de aproximadamente 250 hectares, a ser cedido pela direção local da Agricultara.
A iniciativa destes organismos do governo da província visa fundamentalmente diminuir as dificuldades que os mesmos têm vindo a enfrentar desde que chegaram a Angola, há mais de 30 anos.
De acordo com uma fonte da direção do Minars, anualmente os refugiados têm sido ajudados com bens diversos, como cobertores, alimentos, medicamentos e roupas usadas, instalados numa comunidade criada em 2000, localizada no bairro Camundai, arredores da cidade de Ndalatando.
Regresso ao país de origem fora dos planos de todos
O congolês democrata, Ipanga Katual, de 56 anos, disse que chegou a Angola em 1978, fugido da guerra no seu país e passou a residir na cidade do Sumbe, no Kwanza-Sul.
Em 1983, foi transferido, juntamente com os outros refugiados provenientes de outros países, para o município do Lucala, no Kwanza-Norte, onde começou a reconstituir a sua vida, com apoios do Minars, que os ajudava com bens de primeira necessidade. Depois das eleições e o reacender da guerra em 1992 em Angola, viu-se envolvido no conflito armado, ao lado dos seus irmãos angolanos. Uns anos mais tarde foi para a cidade de Ndalatando, onde passou a residir, primeiro num armazém abandonado, acompanhado por mais 112 cidadãos refugiados de distintos países.
No ano de 2000, depois de serem retirados do local onde residiam, viram-se obrigados a procurar outro espaço para viver. Ipanga Katual, como coordenador dos outros membros, construiu a sua casa no bairro da Camundai, atualmente conhecido como “comunidade dos refugiados”.  Atualmente é funcionário público, professor da escola nº 51 do bairro Tombo-Tombo, na localidade da Canhoca, e lecciona a 2º e a 3º classe. É casado com uma conterrânea, e pai de sete filhos, todos nascidos em Angola, e diz que não está nos seus planos voltar ao país de origem.
Mamã, Kamba Kati Marijene, como é carinhosamente tratada na comunidade, de 50 anos, proveniente do Congo Democrático, residente em Angola há 33 anos, exerce a função de parteira tradicional. Conta que também saiu do seu país por causa da guerra e chegou a Angola em 1977. Depois de alcançar Luanda, foi transferida para o Kwanza-Norte, onde reside, até hoje, com a família. A sua vontade era voltar ao seu país de origem, mas os filhos discordam e portanto vê-se obrigada a permanecer em Angola o resto da vida. O mauritano Mamaile Monte Chiela, de 63 anos, está em Angola há 36. Casado com uma angolana, tem uma família composta por nove filhos e é pedreiro.
 Questionado sobre a possibilidade de regressar ao seu país, Mamaile disse que a idade já não lhe permite fazer muito esforço. Refere que, caso fosse para a Mauritânia, teria de recomeçar a vida e, com o adiantar da idade, quase nada conseguiria, por isso ele e a família preferem continuar em terras angolanas.

Fonte: Jornal de Angola

Enviado por Regina Petrus.  NIEM/IPPUR/UFRJ

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