quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cientistas fazem passo a passo da erupção de vulcão que parou a Europa


Pesquisadores usaram imagens de satélites e dados de GPS para mapear atividade

Vilhem Gunnarsson/EFEVilhem Gunnarsson/EFE
Até entrar em erupção, o vulcão sofreu agitações e fez muito barulho na forma de terremotos durante vários meses

A erupção do Eyjafjalljökull, o segundo vulcão da Islândia que atrapalhou voos de toda a Europa neste ano, aconteceu depois de um longo e ameaçador aquecimento, no qual a montanha rugiu e suas laterais geladas incharam, disseram cientistas nesta quarta-feira (17). Vulcanólogos dos Estados Unidos, Islândia, Suécia e Holanda usaram imagens feitas por satélites e dados do GPS (Sistema de Posicionamento Global) para reconstitiuir, passo a passo, a série de acontecimentos.
Kurt Feigl, professor de geociências na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, disse que "muitos meses de agitação precederam as erupções, com magma em movimento nos andares mais baixos dos canais e fazendo barulho na forma de terremotos".
A erupção do Eyjafjalljökull - a primeira desde 1821-1823 -, expeliu uma nuvem de cinzas que afetou mais de 100 mil voos e 8 milhões de passageiros.
Em uma reportagem publicada na revista científica britânica Nature, cientistas explicaram que concentraram sua atenção na metade de 2009, quando uma estação de GPS na parte sul do vulcão repentinamente apontou um movimento entre 10 e 12 mm.
Em janeiro, o vulcão estava sendo atingido por diversos episódios sísmicos por dia, sinalizando o fluxo de magma em suas raízes. Em algumas ocasiões, os lados do vulcão incharam mais de 15 cm antes de a primeira erupção começar, no dia 20 de março.
Demorou quase um mês até o vulcão começar a desinchar, o que é uma surpresa, já que eles "encolhem", algo como um balão com um nó mal atado, enquanto a rocha derretida e os gases escapavam da abertura.
No dia 14 de abril, após dois dias de calmaria, uma segunda erupção ocorreu, na qual a lava irrompeu por um canal sobre o gelo no cume da montanha. Isso causou uma reação "explosiva" enquanto a água virava um rio e o gás escapava de bolhas no magma.
O resultado foi uma grande nuvem de cinzas que atingiu a altitude de 9.000 metros, causando desespero em milhões de passageiros de aviões que ficaram retidos em aeroportos.
Os cientistas disseram que ainda não têm certeza do motivo por que o Eyjafjalljökull eclodiu naquela ocasião. Uma das ideias é de que o magma invadiu o coração do vulcão por uma rede de canais e câmaras.
Feigl contou que "a explosão da erupção depende do tipo do magma, que, por sua vez, depende da profundidade de suas fontes".
- Estamos longe de ser capazes de prever erupções, mas se pudermos visualizar o magma enquanto se move dentro do vulcão, aumentaremos o conhecimento sobre a atividade vulcânica.


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