PORTO PRÍNCIPE - Centenas de pessoas tomaram nesta sexta-feira (17) as ruas do conflituoso bairro de Cité Soleil em Porto Príncipe para exigirem a saída das tropas da missão da ONU e o retorno do ex-presidente Jean Bertrand Aristide.
A manifestação transcorreu em um ambiente pacífico e festivo pelas destroçadas ruas do gueto mais violento da capital haitiana, onde os grupos armados ditam sua lei.
Os líderes armados Amaral Duclona e o "general Tutu" participaram da manifestação andando sobre motos.
Sobre os dois pesam ordens de captura emitidas pela Polícia haitiana e pelas tropas da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), que os acusam de liderar os grupos armados que atuam nesta região sem lei de Porto Príncipe.
O início da manifestação teve que se atrasar para até cerca do meio-dia após serem escutados tiros esporádicos em várias áreas de Cité Soleil, um bairro no qual cerca de 250.000 pessoas vivem em situações sub-humanas.
"Não queremos os soldados da Minustah em Cité Soleil. Eles só vêm dar tiros e criar problemas. Agora que a Polícia voltou a Cité Soleil, porque a Minustah tem que permanecer aqui?", perguntou à Efe Son Son, um jovem que participou da manifestação.
Como em quase todos os protestos organizados em Cité Soleil os cartazes do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, que nesta região conserva um apoio em massa, foram exibidos ao longo de toda a manhã.
"Aristide é nosso pai. O único presidente que se preocupou com os pobres e os ajudou. Nós exigimos ao Governo de (René) Préval o retorno de Titid (Aristide), porque para isto o elegemos presidente", afirmou Julie Maxin, moradora de Cité Soleil que levava uma camisa com o rosto do deposto líder.
Jean Bertrand Aristide teve que abandonar precipitadamente o Haiti em fevereiro de 2004 no meio de um clima de extrema violência e anarquia, e atualmente permanece exilado na África do Sul.
Veículos militares chilenos, brasileiros e uruguaios da Minustah realizaram constantes patrulhas durante toda a manhã por Cité Soleil.
A manifestação acabou sem incidentes após percorrer diferentes áreas desse violento bairro de Porto Príncipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário