quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Costa do Marfim: O «Golpe de Estado» de Laurent Gbagbo

laurent gbagboAbidjan – Fronteiras fechadas, forças armadas em estado de alerta, imprensa estrangeira censurada, troca de tiros na capital, este é o panorama na Costa do Marfim assente no conceito de democracia de Laurent Gbagbo que insiste em ser presidente.
Os acólitos do presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, tentaram todos os meios para impedir a saída dos resultados da segunda volta das eleições presidenciais de 28 de Novembro. Impacientes os habitantes de Bouaké, antigo centro nervoso da oposição armada a Gbagbo e capital norte durante a guerra civil, gritavam nas ruas: «Queremos os resultados, não queremos Gbagbo».
A crise disparou quando a Comissão Eleitoral Independente (CEI) atrasa a divulgação provisória dos resultados. Na primeira tentativa de divulgação é impedida em directo nos canais de televisão por próximos de Gbagbo. Por fim, quinta-feira, a CEI, anunciou a vitória do candidato da oposição, Alassane Ouattara, com 54,1 %, contra 45,9 % para Gbagbo.
No entanto o Conselho Constitucional, chefiado por um próximo de Laurent Gbagbo decidiu invalidar o resultado anunciado pela CEI, anulando os votos de sete departamentos do norte do país controlado pelos ex rebeldes, e declara que o derrotado Gbagbo é o candidato vitorioso com 51 %.
Uma vitória rejeitada pela ONU que apenas reconhece os resultados da CEI, assim como a França, ex potência colonial e principal parceiro económico do país, que apoiou discretamente Alassane Ouattara. Numa tomada de posição inequívoca Barack Obama saudou a «vitória de Ouattara». Também Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, qualificou este sábado Alassane Ouattara como o «legitimo vencedor» das eleições.
A agravar a situação o chefe dos ex rebeldes das Forças Novas (FN), que após os acordos de 2007, que puseram fim à guerra civil no país, assumiu o cargo de primeiro-ministro, Guillaume Soro, não aceitou a vitória de Laurent Gbagbo e declarou que irá entregar a sua demissão.
Desde os acordos de Uagadugu, assinados a 04 de Março de 2007 entre Laurent Gbagbo e o chefe da rebelião do norte, Guillaume Soro, que terminaram com uma guerra civil iniciada em 2002 entre o norte e sul e sul do país, o clima político na Costa do Marfim permaneceu frágil. Um conflito que teve como pano de fundo fortes interesses económicos controlados por ambas as frentes, cacau no sul, algodão e diamantes no norte.
Gbagbo toma posse sem reconhecimento internacional
Laurent Gbagbo, actual Presidente da Costa do Marfim, fez hoje o juramente para cumprir mais um mandato no cargo, apesar do seu rival, Alassane Ouattara, ter sido reconhecido pela comunidade internacional como vencedor das eleições.
"Juro solenemente cumprir, defender e respeitar fielmente a Constituição, proteger os direitos e a liberdade da cidadania, bem como cumprir escrupulosamente os meus deveres no melhor interesse da Nação", jurou Gbagbo, na declaração feita no Palácio do Governo, em Abidjan.
A cerimónia decorreu perante Paul Yao, presidente do Conselho Constitucional, a instituição máxima judicial, que na sexta-feira reconduziu Gbagbo como vencedor da segunda volta das eleições, com 51,45 por cento dos votos.
No poder desde 2000, Gbagbo assumiu novamente o cargo, apesar de a Comissão Eleitoral Independente ter anunciado na quinta-feira que o vencedor tinha sido Ouattara, com 54 por cento dos votos contra 46 por cento conseguidos pelo actual chefe de Estado.
Realizando o que alguns observadores apelidaram de "golpe palaciano", as forças armadas do país encerraram as fronteiras do país, ao mesmo tempo que Yao declarava nulos os resultados da Comissão Eleitoral Independente.
Dirigindo-se implícitamente à comunidade internacional, Gbagbo disse hoje, no seu discurso de posse, que a Costa do Marfim não aceitará qualquer ingerência nos seus assuntos internos.
PNN / AFP

Nenhum comentário: