sábado, 26 de fevereiro de 2011

Filho de líder da Líbia diz que governo vai lutar “até a última bala”

seif al islam gadhafiSeif al Islam Gadhafi (na foto), filho do ditador Moammar Gadhafi, que está no poder há mais de 40 anos na Líbia, disse que o governo do país vai “lutar até o fim”, depois que uma série de protestos contra as autoridades deixou cerca de 200 mortos desde a última terça-feira (15).
– Nós vamos lutar até o último minuto. Até a última bala.
Ele admitiu que os manifestantes tomaram controle de algumas bases militares, armas e tanques, mas que o Exército continua apoiando o regime de seu pai. Seif al-Islam também disse que a Líbia “não é a Tunísia ou o Egito”, em referência aos movimentos que derrubaram os governos desses países neste ano e depois se espalharam para outros países árabes, como Bahrein, Iêmen e a própria Líbia.
Seif al Islam afirmou que o número de mortos nos conflitos tem sido “exagerado” e que 84 pessoas morreram. A organização Human Rights Watch diz que ao menos 174 pessoas morreram, mas médicos da cidade de Benghazi, segunda maior do país e centro da revolta, dizem que mais de 200 pessoas morreram desde que o movimento começou.
Ele também disse que o Exército cometeu alguns erros durante os protestos, supostamente por não estar preparado para lidar com esse tipo de manifestação.
O filho do ditador se ofereceu para apresentar reformas nos próximos dias, que ele classificou como um período de “iniciativa nacional histórica” e que o regime quer rever algumas restrições e começou a discutir uma Constituição. Ele afirmou que haverá mudanças em uma série de leis, incluindo aquelas que tratam da imprensa.
Segundo a Arbor Networks, empresa de tecnologia da informação com sede nos Estados Unidos, a internet foi cortada na Líbia nesta sexta-feira (18), para evitar que os manifestantes convocassem novos protestos e se organizassem através da rede.
As revoluções que derrubaram os governos autoritários da Tunísia e do Egito serviram de combustível para a onda de protesto popular que se espalha pelos países islâmicos do norte da África e do Oriente Médio. Os regimes autoritários, governados por líderes que ficam por décadas no poder, se veem ameaçados pelos protestos tomam as ruas das principais cidades da região.
Muammar Kadhafi saiu da Líbia
A notícia da fuga de Kadhafi surge numa altura em que os protestos contra o regime líbio se alastram à capital do país, Tripoli.O presidente da Líbia terá deixado o país rumo à Venezuela, avançou ontem à noite a agência de notícias chinesa Xinhua, citando a televisão Al-Jazira.
Porém, o filho de Kadhafi garantiu, em entrevista à televisão estatal da Líbia, transmitida em simultâneo pela Al-Jazira, que o pai continua no país.
Frisando que "a Líbia não é igual à Tunísia ou ao Egipto", Saif al-Islam Kadhafi avisou que o regime irá "lutar até ao último minuto, até à última bala".
Numa longa declaração, o filho do coronel líbio disse temer uma guerra civil se os protestos contra o regime continuarem, o que levaria à destruição da riqueza do país, o petróleo. Saif alertou que em caso de caos o crude será queimado.
Referiu ainda que o Egipto está a ser alvo de uma "conspiração" organizada por vários pequenos estados islâmicos vizinhos e que o número de mortos veiculado pela imprensa internacional é exagerado. A Human Rights Watch (HRW) informa sobre a existência de 233 vítimas mortais desde o início dos protestos, na passada terça-feira.
Saif prometeu que, se os ânimos acalmarem, o Congresso Popular irá reunir esta segunda-feira para analisar uma série de reformas legislativas, um debate sobre a Constituição (que não existe actualmente na Líbia) e novas leis liberais.
"Amanhã [Hoje], podemos falar racionalmente, podemos poupar o sangue, podemos estar todos juntos em prol da Líbia", disse Saif. Contudo, se a agitação continuar, "esqueçam a democracia e a reforma. Irá ter lugar uma feroz guerra civil", avisou.
Tudo isto num dia em que os confrontos na segunda maior cidade da Líbia, Benghazi, onde durante a manhã forças leais a Kadhafi abriram fogo com armas pesadas sobre uma multidão de 100.000 pessoas que havia comparecido aos funerais das vítimas do dia anterior, se estenderam a Tripoli, que fica a mil quilómetros daquela metrópole, revelaram habitantes da capital às agências internacionais. Os relatos referem que a polícia tem estado a usar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que cantam slogans contra o regime.
R7/Econômico

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