segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A falta de patriotismo e a maldade

jornal de angola 10Há uns meses atrás escrevi a denunciar algumas estratégias que o meu partido havia engendrado para execução pela nossa Juventude Unida e Revolucionária de Angola – JURA.
Lembrem-se que eu até enviei cópia integral do documento que me foi entregue na altura, ao Senhor Director do Jornal de Angola, que entendeu por bem não o divulgar, contrariando o que eu havia pedido.
Só para recordar, naquelas “teses” orientava-se os nossos jovens para o desrespeito à ordem pública, incitava-se os jovens a vir para a rua provocar escaramuças, destruir bens públicos, etc., etc..
Alguns iluminados vieram, logo a seguir, acusar-me de tudo e mais alguma coisa.
A verdade é que aquela estratégia continua a ser executada. Será que ainda não perceberam que aquilo que eles chamam de “intolerância política” só está a acontecer nas zonas onde nós tínhamos alguma supremacia até 1992?
Ainda não perceberam que aquilo que o general Numa fez no Lunge, foi em conluio com o Liberty, tal como denunciei naquele texto?
Não perceberam que, enquanto o general Numa dirigia aquelas acções, o presidente Samakuva estava na região leste a dar uma de santinho? Alguém acreditou que dois homens desarmados podem capturar um ninja, com todos os seus meios militares, e entregá-lo à polícia? Alguém pode acreditar que o Tribunal condenou os criminosos, sem culpa formada? Nem os Mãos Limpas tiveram essa coragem, porque sabem que aqueles indivíduos têm as mãos sujas. A história continua. Eles vão fazer cada vez pior, para provocar uma reacção dos órgãos do Estado e poder continuar a dizer que estão a ser vítimas e que há intolerância política em Angola. Não vão olhar a meios para atingir os seus fins.
Não posso dizer tudo aqui, mas já mandei denúncias para os órgãos competentes, com dados que me têm sido fornecidos por elementos que me conhecem bem e com quem estive em diversas ocasiões, no nosso processo de luta.
Eu gosto de assistir às reuniões da Assembleia Nacional e, sempre que posso, vou. Mas ontem fiquei muito preocupado quando ouvi a presidente do nosso grupo parlamentar dizer que “acreditamos na força do diálogo permanente e inclusivo entre os angolanos”.
Acreditamos nisso e passamos a vida a dizer que não nos revemos na Constituição, que não acreditamos nas instituições, que os outros são bandidos, que as eleições foram uma fraude, etc.?
Mas, não somos capazes de dizer ao general Numa que aquilo que ele está a fazer não é correcto, que as instituições devem ser respeitadas e que ele não tem autoridade nenhuma para se substituir à polícia? Que compete aos Tribunais, em última instância, dirimir conflitos entre cidadãos?
Não somos capazes porque essa é, de facto, a estratégia que a nossa direcção definiu e o Numa e o Liberty só estão a cumprir. É ou não é verdade?
O curioso é que a presidente do grupo parlamentar lamentou o facto do general Numa ter de responder perante a Comissão de Ética e Decoro e, lá mesmo nos corredores da Assembleia Nacional, ter ouvido dizer que os computadores daquela Comissão, onde se diz estar o processo, tinham sido roubados. É só coincidência ou será que convinha que isso acontecesse? E se convinha, quem seriam os beneficiários? Os deputados da UNITA ou os outros?
Os cidadãos sabem quem é o presidente daquela Comissão? É o mano Jaka Jamba, que não está cá. E sabem onde está? Está em Paris para mobilizar os angolanos na diáspora a manifestarem-se contra o nosso Estado e as nossas instituições democráticas. Mas aproveito para dizer que não é só ele. Vários dirigentes foram enviados para capitais europeias para fazer esse trabalho. Por exemplo, o Adalberto da Costa Fernandes está em Roma, etc., etc..
Não se admirem se, daqui a dias, começarem a ouvir comunicados como os do tempo da guerra e que eram lidos pelo presidente Samakuva, pelos manos Adalberto, Samondo, Muekália e outros. Neste momento estão todos fora do país à espera de ordens para começar a festa.
Se alguns andam distraídos e pensam que a estratégia é só para fazer confusão interna, estão muito enganados.
A direcção da UNITA está a aproveitar o momento para tentar ganhar na rua o que não fomos capazes de ganhar nas urnas e, como sabe que não estamos suficientemente organizados para as eleições de 2012, vai acelerar o cumprimento da estratégia que definiu, custe o que custar.
Sobre o processo do general Numa, só espero que haja cópias e que o trabalho da Comissão continue. Penso, no entanto, que é hora de dizer que a nossa UNITA não merece a direcção que tem.
Eu disse que o presidente Samakuva esteve no leste a fazer o seu trabalho e, por isso, não estranho nada do que o PRS disse na Assembleia Nacional. Eles foram alinhados para dizer o que a UNITA não quer dizer. Cada um faz o seu trabalho: o PRS fala e a UNITA faz.
Vejam a mobilização que a UNITA fez na Quibala. Alguém tem dúvidas de que havia agentes a instrumentalizar aquelas pessoas para se revoltarem contra as instituições do Estado?
Tal como digo sempre, eu só posso alertar. Quem de direito que assuma o dever de garantir a paz, a tranquilidade social e o bem-estar do nosso povo. Foi com esta convicção que lutei pela democratização da nossa sociedade e tudo farei para que o desenvolvimento do nosso país seja um facto. Sei que ainda há muito para fazer e que só unidos será possível ultrapassar as barreiras que ainda existem. Mas, entendo que a democracia e o desenvolvimento são processos que levam tempo a amadurecer. Aproveito para apelar aos cidadãos de bem a não participarem em aventuras que levarão o nosso país a viver momentos iguais aos do passado recente. A nossa qualidade de vida está a melhorar, os nossos filhos estão a ter aulas em melhores condições, temos mais luz, mais água e teremos, seguramente, melhores casas e melhores empregos. Não nos deixemos levar pela ambição de alguns. Em 2012 vamos voltar a ter eleições e aí cada um de nós terá mais uma oportunidade de votar em quem quer que governe o país. A nossa realidade não tem nada a ver com o Magrebe ou o Médio Oriente. No nosso país já há democracia.
Os nossos jovens não se devem deixar influenciar por aqueles que vivem fora e que nem sequer conhecem a realidade actual do nosso país. Se houver problemas, quaisquer que eles sejam, somos nós, que estamos aqui, que vamos ter de resolver.
Eles estão a curtir a Europa e as Américas.
Nós estamos a reconstruir a nossa pátria.
Voltarei dentro de pouco tempo para dizer outras coisas que aqui não couberam.
Obrigado pela vossa atenção.
Justino Justo
Jornal de Angola

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