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As relações comerciais entre Angola e China, baseadas no petróleo, são tidas pela Europa como neocolonialistas, perspectiva ditada pela percepção que se vê na imprensa e às vezes tais informações têm como base emoções e percepções em detrimento de factos que revelam a realidade do negócio desenvolvido pelas partes. Essa perspectiva pode revelar um certo ciúme do ocidente pelas relações sino-angolanas. Por outro lado, tal visão pode ser desmistificada, através de pesquisas e estudos que visam a busca de dados e informações reais sobre em que assentam as parcerias estabelecidas entre os Estados. Nessa senda, pesquisadores e académicos (nacionais e estrangeiros) têm concluído que os dois países são parceiros de negócios que se respeitam mutuamente e que a China actua em Angola numa condição não hegemónica, mas horizontal e sem imposições. Segundo o investigador Markus Weimer, da Chatham House- uma instituição académica da Inglaterra, entrevistado hoje pela Angop, em Luanda, por ocasião da Conferência “A China em África: Desafios e oportunidades para Angola”, realmente a Europa tem uma visão neocolonialista da relação Angola/China ou China/África, mas a entidade que representa busca informações através de pesquisas para tirar ilações. “Nas nossas pesquisas e relatórios, disse o interlocutor, pretendemos dar uma base da realidade das relações entre China e África e uma das coisas que constatamos é a inexistência de neocolonialismo, mas que os Estados africanos têm um papel muito importante em gerir esse relacionamento”. Disse também que muitos países asiáticos falham por causa dessa visão, porque na verdade é uma relação de parceiros de negócios em que cada uma das partes apresenta as suas condições. Concretamente sobre a relação Angola/China, o pesquisador referiu que o Governo angolano tem espaço suficiente para defender interesses do país. Partilha da mesma opinião da pesquisadora do Instituto Sul-africano de Relações Internacionais (SAIIA) Ana Alves, segundo a qual a relação entre os dois Estados ou entre China e África não tem um pendor neocolonialista. Para si, é ilegítimo chamar a China uma potência neocolonialista, porque a sua maneira de actuar difere em muito do modo como actuaram as potências coloniais em África. Referiu que em alguns aspectos a china está a actuar semelhantemente como as potências coloniais que é explorar os recursos naturais e ter acesso ao petróleo, mas em contrapartida actua conforme as regras encontradas no mercado. “Eu acho que a china está a aproveitar uma oportunidade que se abriu em África para ter acesso aos recursos naturais. Ela joga, ao contrário das potências, com as regras do mercado, não impõe condições”, justificou Ana Alves Sobre a questão, o deputado angolano Lopo do Nascimento, um dos participantes do fórum, disse numas das suas intervenções discordar de alguma forma de como os chineses actuam em Angola com as suas empresas, mas acredita existir ciúmes do ocidente relativamente à presença da China em Angola. Disse também que a África precisa de um novo paradigma nas relações com o ocidente e que os africanos estão a reagir mal em relação ao negócio com a China. Por outro lado, manifestou o seu receio sobre eventual venda de terras a empresas chinesas para a produção de alimentos com objectivo de ser exportado para a Ásia. “Quanto a essa questão os países africanos devem ter cuidados porque os chineses podem pretender comprar terras para produzir alimentos e exportar, aí podemos olhar já para uma questão mais séria”. O evento foi organizado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC/UCAN), em parceria com a Universidade de Durham e o Instituto Sul-africanos de Assuntos Internacionais (SAIIA). A Conferência visou, entre outros objectivos, ajudar os decisores políticos em Angola a compreenderem os desafios e oportunidades do envolvimento chinês para o planeamento do desenvolvimento nacional e as estratégias de reconstrução no pós-guerra, assim como facilitar e intensificar o diálogo entre os vários actores sobre os termos de parceria e as potencialidades e limites da cooperação. Paulo André ANGOP |
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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Europa vê relações entre Angola e China na perspectiva neocolonialista
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