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ABIDJAN, Costa do Marfim — A ameaça lançada pela Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste (CEDEAO) de recorrer à força para tirar do poder o presidente proclamado Laurent Gbagbo é inaceitável, afirmou neste sábado o porta-voz de seu governo, Ahoua Don Mello."Esta ameaça é inaceitável", assegurou Don Mello, denunciando, além disso, um "complô do bloco ocidental dirigido pela França". O porta-voz assegurou igualmente não acreditar no uso da força por parte da CEDEAO e ameaçou com o risco de guerra civil. "A Costa do Marfim é uma terra de imigração. Todos os países têm residentes na Costa do Marfim e sabem que, se atacarem a Costa do Marfim do exterior, isso se transformará numa guerra civil no interior", enfatizou. A Costa do Marfim viveu um Natal marcado pela tensão depois que líderes africanos ameaçaram recorrer ao uso da força para tirar o atual presidente, Laurent Gbagbo, do poder e entregá-lo a Alassane Ouattara, vencedor das eleições de 28 de novembro. Acirrados rivais políticos, Gbagbo e Ouattara disputam o poder por quase um mês, depois que ambos declararam-se vencedores do pleito presidencial. As crescentes pressões internacionais, no entanto, levaram a crise política a um ponto de definição. O Natal foi marcado pela decepção dos marfinenses, esperançosos de que as eleições encerrassem uma crise política sangrenta que já dura oito anos. Ao invés disso, viram-se envolvidos em um acirramento da violência, mais uma vez à beira da guerra civil. Segundo a ONU, 173 pessoas foram mortas entre 16 e 21 de dezembro. A ONU também informou que cerca de 14.000 marfinenses fugiram para a vizinha Libéria para escapar das violências eleitorais. As potências mundiais reconheceram a vitória de Ouattara nas urnas e condenaram a violência, mas Gbagbo agarrou-se ao poder e mobilizou suas forças de segurança para impedir que o rival tomasse posse, dispersando protestos com violência e isolando a sede de campanha de Ouattara, em um hotel da capital. Gbagbo ignorou as críticas da comunidade internacional e as sanções anunciadas por ONU, Estados Unidos, França e União Europeia, mas agora seus colegas africanos ameaçam intervir para retirá-lo à força do palácio presidencial. Além disso, o Banco Central dos Estados da África Ocidental excluiu o atual presidente da administração das contas do país, entregando esta função a Ouattara. Reunida na sexta-feira na capital nigeriana, a Comunidade Econômica de Estados de África do Oeste (CEDEAO), que inclui 15 países, decidiu enviar uma última missão diplomática de alto nível à Costa do Marfim para tentar negociar a resignação pacífica de Laurent Gbagbo, ameaçando processar os responsáveis pela onda de violência que aterrorizou o país depois das eleições. Em um comunicado divulgado após o fim da cúpula, a CEDEAO declara que, diante da resistência de Gbagbo, "a comunidade não terá alternativa a não ser tomar outras medidas, incluindo o uso legítimo da força, para alcançar os objetivos do povo marfinenses". O bloco informou que uma reunião entre chefes militares de seus países membros será marcada para definir a estratégia de futuras ações. No Vaticano, o papa Bento XVI incluiu a Costa do Marfim em uma lista de países necessitados de intervenção divina. "Que o nascimento de nosso Salvador abra os horizontes da paz duradoura e do progresso real", disse o pontífice neste sábado, em sua bênção "Urbi et Orbi". Gbagbo ainda não reagiu publicamente à ameaça de intervenção militar por parte da CEDEAO, mas a decisão do Banco Central africano provocou a ira de seu governo, para quem a medida é "ilegal e não pertence à competência da União Monetária da África Ocidental". AFP |
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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Gbagbo rejeita a ameaça da CEDEAO de usar a força contra a Costa do Marfim
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