domingo, 27 de fevereiro de 2011

Líbia: Soldados rebelaram-se e estão com manifestantes nas ruas

libia manifest. 026Os protestos na Líbia ameaçam ficar fora de controlo, agora que há militares que se juntaram aos manifestantes. Muitos líbios voltaram a sair às ruas para exigir mudanças, mas as autoridades responderam com violência.
Os profissionais de saúde já utilizam a palavra massacre.
Os profissionais de saúde nos hospitais falam num verdadeiro massacre, afirmando ter já contabilizado pelo menos 200 mortos.
Habitantes de Benzagi, segunda cidade do país, revelaram à agência Reuters que há soldados que se rebelaram e entraram em confronto com as forças leais ao presidente Muammar Kadhafi.
Segundo esses habitantes, os soldados revoltosos já assumiram o controlo de Bengazi.
O representante líbio na Liga Árabe anunciou que está em curso uma revolução e demitiu-se do cargo, dizendo que se junta aos revoltosos.
Tentativa para sabotar poços de petróleo
Na noite passada, um grupo tentou levar a cabo uma operação de sabotagem de poços de petróleo a sul da capital, Tripoli. A operação foi no entanto neutralizada, indicou uma fonte oficial.
De acordo com a mesma fonte, seis líbios foram detidos na operação que causou dois feridos entre as forças de segurança: "Um grupo de pessoas que trabalhava no campo petrolífero de Sarir incendiou um edifício administrativo do campo e danificou outros locais, incluindo um restaurante e dormitórios".
Aquelas pessoas "tentaram ainda incendiar poços de petróleo" mas "os serviços de proteção das instalações petrolíferas detiveram os membros do grupo, identificaram os sabotadores e interrogaram-nos", acrescentou em declarações a agência France Press, revelando que "os resultados preliminares do inquérito indicam que o grupo recebeu as armas de estrangeiros e as instruções via Internet".
A Líbia é o terceiro produtor africano de petróleo, com cerca de dois milhões de barris por dia; as suas reservas estão avaliadas em 42 mil milhões de barris e é um dos principais fornecedores de petróleo bruto a Portugal.
Filho de líder da Líbia: repressão a protestos foi um erro
O filho do líder líbio Muamar Kadafi admitiu na noite deste domingo que a ação do Exército na repressão a manifestantes foi um erro. Em um comunicado transmitido pela televisão estatal do país, Saif Al-Islam Kadafi disse que houve excesso na ação militar. Não há números oficiais, mas estima-se que cerca de 200 pessoas tenham morrido até agora nos protestos no país.
No entanto, Kadafi também criticou a ação de manifestantes. No longo pronunciamento, retransmitido por emissoras internacionais para o mundo, o filho do líder da Líbia indicio que entre os participantes dos protestos há "pessoas que roubaram armas e mataram soldados". "Se as pessoas estiverem armadas, nós teremos uma guerra civil", alertou.
Para Kadafi, há um "complô" por trás dos protestos, o que seria originado por manifestantes vizinhos pobres da Líbia. "Há pessoas que querem criar um governo em Benghazia. (...) Se a Líbia se separar, ela será dividida em pequenos emirados", analisou, indicando que isso levaria a um estado de guerra civil no país.
Os protestos na Líbia representam mais uma repercussão das revoluções populares que encerraram governos longevos na Tunísia e no Egito e produzem eco em inúmeros países no norte africano e no Oriente Médio. Kadafi, todavia, alertou repetidamente que "a Líbia não é o Egito ou a Tunísia", fazendo menção à natureza, na sua opinião, dos protestos líbios. "Não deixe seu entusiasmo levar você", alertou, dirigindo-se à população.
"Nós não queremos uma guerra civil na Líbia", reiterou. "Quem controla o país? Quem controla o petróleo? O que poderia acontecer na Líbia (em caso de guerra civil) é realmente perigoso".
O filho de Muamar Kadafi também criticou a cobertura dos protestos feita pela mídia, indicando que os relatos são "imprecisos". O pronunciamento ocorre de Kadafi ocorre após um fim de semana em que os protestos se espalharam pelo país e o volume de mortos e feridos cresceu de modo acentuado.
RTP

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