quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

ONU acusa Gbagbo de recrutar mercenários em Angola e Libéria

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angola-ciResponsáveis da ONU emitiram ontem e hoje declarações dramáticas sobre o cerco a que se encontra submetido o contingente de "capacetes azuis" na Costa do Marfim e apelaram para que "países membros em condições para tal" se preparem para apoiar o contingente. As declarações mostram uma ONU a preparar cenários de invasão do país oeste-africano.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, apontou os riscos acrescidos de guerra civil e de confronto com as forças da ONU que actualmente montam guarda diante da sede de campanha de Alassane Ouattara, o rival de Gbabgbo nas eleições presidenciais. Ban Ki Moon reiterou, como a ONU já vinha fazendo anteriormente, o seu apoio ao protesto de Ouattara, que afirma ter vencido as eleições de 28 de Novembro.
Na sequência do atestado de vitória que a ONU passara ao candidato opositor, Gbagbo tinha exigido a retirada do contingente. O Conselho ede Segurança optara pela prova de força e decidira anteontem o prolongamento do mandato da força de "capacetes azuis".
Segundo citação da Al Jazeera, Ban afirmou que "a intenção do sr. Gbagbo e das forças de segurança que lhe são leais é claramente a de bloquear a missão de manutenção da paz da ONU e sufocar o governo do presidente eleito OUattara". E acrescentou: "Não podemos permitir que isto aconteça".
O secretário-geral da ONU descreveu a situação dos "capacetes azuis" da ONU como estando cercados em Abidjan e manifestou a sua preocupação "de que o corte de abastecimentos para a missão e o Golf Hotel [utilizado como sua base logística] coloque a nossa força de manutenção da paz numa situação crítica nos próximos dias". Seguidamente, apelou "aos países membros que estejam em condições para tal, para que se preparem para apoiar a missão [da ONU] e contribuir para um fluxo contínuo de abastecimentos".
Também o secretário-geral adjunto, Alain Le Roy, citado pelo diário francês Le Figaro, afirmou que "a nossa missão é cada vez mais perigosa, mas não desistiremos". Acusou também Gbagbo de fazer "tudo para nos cortar os abastecimentos em combustível e alimentos, nomeadamente bloqueando o porto [...] Ainda temos reservas, mas a situação torna-se cada vez mais delicada e perigosa [...] As forças de Gbagbo flagelam os nossos homens, mesmo em suas casas, para obrigá-los a partir e a RTI [Rádiotelevisão Marfinense] multiplica as mensagens de ódio e os apelos a ataques contra a Onuci [força da ONU]".
Le Roy estima que o presidente cessante tenha uma força militar, paramilitar e policial com cerca de 20.000 homens, agora reforçada com mercenários vindos da Libéria e de Angola. A Onuci conta com cerca de 10.000 pessoas, concentradas juinto da sede de candidatura de Ouattara, no Golf Hotel. Na situação de cerco em que se encontra o contingente da ONU, cercado por barricadas, "vemo-nos constantemente forçados a negociar para fazer levantá-las".
O presidente Gbagbo respondeu às pressões internacionais com um discurso, ontem pronunciado, em que admite a criação de um comité sob a égide da União Africana, para avaliar a situação. Esse poderia ser, segundo o discurso citado pela Al Jazeera, um comité "encabeçado pela União Africana, envolvendo a ECOWAS [Economic Community Of West African States], as Nações Unidas, os Estados Unidos, a União Europeia, a Rússia e a China, que terão autorização para analisar objectivamente os factos do processo eleitoral (...) para resolver a crise".
RTP

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